O festivo mês de dezembro foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para chamar a atenção da sociedade em relação ao HIV e à AIDS e ficou conhecido como Dezembro Vermelho. O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) discursou nesta quarta-feira (11) sobre o Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV/AIDS, publicado esta semana pela Unaids e outras organizações brasileiras. A pesquisa revelou que oito de cada dez pessoas com o vírus da imunodeficiência humana, que é o HIV, têm dificuldade para dizer que são portadoras do vírus.
De 2008 a 2018, houve o aumento de 81,7% na taxa de detecção de casos no Rio Grande do Norte onde, no mesmo período, mais de duas mil pessoas morreram devido à AIDS. “Eu achava que essa questão já era antiga e estava controlada, mas quero chamar atenção para esse número crescente e o preconceito que ainda existe em relação a tudo isso, o que afasta as pessoas de procurarem o serviço de saúde para se cuidar e se proteger. Através dos meios de comunicação temos de falar mais sobre o vírus e a vulnerabilidade que a doença provoca”, alertou o senador potiguar.
No discurso, Styvenson Valentim apresentou outros dados preocupantes. De acordo com o Ministério da Saúde, os mais infectados estão na faixa entre 25 e 29 anos e, em 2018, 43.941 novos casos de HIV e 37.161 casos de AIDS no Brasil. Este ano, as 1.784 pessoas com HIV e Aids que responderam ao questionário da Unidas, com 80 perguntas, disseram que não falam que são portadoras principalmente por causa do julgamento das outras pessoas. Um grupo de 15% dos entrevistados relatou que o preconceito vem até dos profissionais de saúde que acompanham o paciente.
“É uma doença letal quando já está se manifestando, e que traz consigo tantos males, que pode ser evitada com o simples uso do preservativo. A minha preocupação é que vem aí o carnaval e as pessoas perdem o bom senso de se proteger. Muitos não têm o compromisso com a própria vida, envolve bebida alcoólica, uso de drogas, perda de consciência”, alertou o senador potiguar, que foi aparteado pelo presidente da sessão plenária. “Quero parabenizar o senador Styvenson pela oportunidade do discurso, pela clareza da exposição e o alerta em termos de prevenção e precaução. É um discurso muito importante, especialmente em relação aos jovens com menos de 30 anos de idade que ainda tem muita vida pela frente e como o senhor bem informou são os mais acometidos com o vírus”, reforçou o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).
Desde a década de 1970 que o planeta vem enfrentando a doença. O primeiro caso de AIDS confirmado no Brasil foi em 1980 e muita gente morreu até que a ciência desenvolvesse medicamentos que permitem hoje ao paciente ter uma vida considerada normal, apesar de estar infectado. No início da década de 1990 os brasileiros tiveram acesso gratuito aos remédios que dificultam a reprodução do vírus HIV. “Muita gente não sabe, mas quando se fala em casos de HIV, não é que a pessoa está com AIDS, ela tem o vírus que causa a doença, mas não desenvolveu a AIDS em si. O vírus ataca o sistema imunológico e afeta a capacidade de o organismo se defender. Mas quem tem o HIV pode não estar com a AIDS porque a AIDS é quando a doença já está manifestada e há uma infecção por todo o corpo. É uma conjuntura que demanda atenção, alerta e principalmente muita campanha de conscientização. Que as festas de final de ano sejam para confraternizar e não para criar situações que podem trazer situações mais difíceis para se enfrentar”, concluiu Styvenson.